História & Cultura

Breve História

Desde a época do surgimento dos primeiros seres humanos sobre os quais temos registro histórico, os animais têm sido amplamente explorados pela nossa espécie nas mais diferentes sociedades, tanto por questões de sobrevivência, quanto por questões culturais.

A partir disso, a maior parte das pessoas ainda hoje acredita que explorá-los é algo normal, mesmo sendo um processo que há tempos passou a causar um desequilíbrio  na natureza,  se tornando uma verdadeira indústria, que cria em cativeiro bilhões de vidas – muitas vezes em estados deploráveis – para comercialização e consumo desenfreados.

 

Apesar de termos relatos na história de pessoas que se recusavam a maltratar ou comer os animais, apenas nas últimas décadas começaram a surgir movimentos que defendem de fato seus interesses e, a partir de meados dos anos 70, cada vez mais têm sido produzidos conteúdos sobre o assunto, sendo alvo de diversos filósofos, pensadores e formadores de opiniões que assumiram as mais diferentes visões e correntes de pensamentos.

Tendo isso em mente, hoje, nós preparamos este artigo para falarmos um pouco mais sobre quais são as principais linhas de pensamento dentro do veganismo, com suas características, semelhanças e diferenças, para que você, então, possa entender no que se baseiam o veganismo abolicionista e o veganismo pragmático – dois lados do mesmo princípio que provocam discussões e divergências entre seus seguidores  há muito tempo. Acompanhe!

 

 

Principais correntes de pensamentos

Para ficar mais fácil a visualização dos conceitos, vamos considerar que existam atualmente no mundo duas grandes principais áreas de pensamento quando o assunto é a exploração animal: o Antropocentrismo e o Veganismo.

No Antropocentrismo, acredita-se que os animais são de certa forma “inferiores” aos humanos e que estes podem então usá-los e explorá-los para seu consumo e benefício.  

Dentro do antropocentrismo, porém, existem tanto pessoas que pensam que os interesses dos animais são totalmente irrelevantes, quanto outras que defendem uma forma de pensamento chamada “Bem-Estarismo”, que afirma que o uso dos animais para exploração humana até é aceitável desde que eles sejam tratados humanitariamente, ou seja, que seja evitado ao máximo todo sofrimento que for desnecessário e se tenha uma regulamentação da exploração animal. 

 

 

Já o Veganismo representa o lado oposto do antropocentrismo e sustenta que os animais não devem de maneira alguma ser explorados pelos humanos, afirmando que não temos nenhuma justificativa ética e moral para utilizar outras formas de vidas não-humanas para servir aos nossos propósitos – assim, seu foco não é na regulamentação do sofrimento animal, e sim na abolição de todo e qualquer uso destes, seja nas indústrias ou na individualidade de cada cidadão.

Vale lembrar então que, ao contrário de outras ideologias que também visam ajudar os animais, mas não o fazem de forma integral, como o vegetarianismo, o reducetarianismo e o flexitarianismo ou semivegetarianismo, por exemplo, o veganismo tem como visão de  mundo ideal, aquele em que ocorre a total libertação animal diante dos humanos – a principal definição de vegano é justamente essa: aquele indivíduo que abole da sua vida o uso de animais em todos os setores, seja na alimentação, nos vestuários, no entretenimento ou até mesmo na hora de comprar cosméticos, utensílios domésticos, objetos decorativos e outros. 

Pois bem, a questão é, que dentro do veganismo, como acontece em toda luta por libertação, há uma certa discordância sobre os melhores métodos para se alcançar seu ideal e como é um movimento que vem crescendo acentuadamente, incorporando cada vez mais seguidores,  deixou de ser algo uníssono e ganhou novas visões, assim como, o movimento feminista, que possui diversas correntes divergentes em alguns pontos, como por exemplo: a radical, a classista, a liberal, a interseccional e a negra – apesar de todas elas possuírem objetivos e pensamentos em comum, ou seja: a luta pela igualdade entre homens e mulheres.

Veganismo Abolicionista e o Veganismo Pragmático

Veganismo Abolicionista

No Veganismo Abolicionista ou Idealista o uso de animais não é moralmente justificado e não deve ser regulamentado de forma alguma, ou seja: eles acreditam que apoiar práticas progressivas e graduais fará com que a libertação animal demore mais tempo e que discursos dessa forma incentivam as pessoas a se acomodarem e aceitarem mudanças demasiadamente pequenas. Mesmo que tenham o mesmo ideal que o veganismo pragmático, eles não apoiam, como metodologia, campanhas de regulamentação da exploração animal, pois afirmam que é uma contradição e acham que os direitos não devem funcionar dessa forma.

 

 

 

Veganismo Pragmático

No Veganismo Abolicionista ou Idealista o uso de animais não é moralmente justificado e não deve ser regulamentado de forma alguma, ou seja: eles acreditam que apoiar práticas progressivas e graduais fará com que a libertação animal demore mais tempo e que discursos dessa forma incentivam as pessoas a se acomodarem e aceitarem mudanças demasiadamente pequenas. Mesmo que tenham o mesmo ideal que o veganismo pragmático, eles não apoiam, como metodologia, campanhas de regulamentação da exploração animal, pois afirmam que é uma contradição e acham que os direitos não devem funcionar dessa forma.


Mais sobre o veganismo abolicionista e pragmático...

De forma resumida, o pragmatismo tem a visão de que se uma ideia é impraticável ela não tem valor, portanto deve-se focar na prática e nas suas consequências, estudando se ela é realmente viável e conquistando seus objetivos de forma gradual. O contrário de um pragmático é um idealista, que projeta realidades ideais – estes se esforçam ao máximo para praticar sua filosofia mesmo em contextos difíceis, sendo inflexíveis quanto à moral.

Em uma situação hipotética em que uma empresa que explora galinhas em gaiolas passa a explorá-las soltas, os veganos pragmatistas pressupõem que foi gerado menos sofrimento, logo isso pode ser considerado uma conquista visto que se está mais perto de deixar a exploração do que na situação anterior, na prática, devemos incentivar mais empresas a tomarem tal ação, pois é uma ideia possível e praticável em nossa realidade e defendê-la não significa que não devemos continuar mudando, mas sim, que as engrenagens do sistema são lentas e, provavelmente, se fosse solicitado diretamente uma mudança muito mais radical a maioria das empresas certamente não atenderiam a qualquer reforma.

Ainda nessa mesma situação os abolicionistas/ idealistas são menos abertos às negociações e defendem que se um animal pode simplesmente não ser explorado então não faz sentido uma pessoa que se diz vegana pensar em redução do sofrimento, pois reformas pequenas apenas estariam aumentando o tempo de exploração. Em sua visão é preferível enfrentar as empresas diretamente e não observar mudanças a curto prazo, do que abrir mão do seu idealismo.

 

 

Os principais argumentos do Pragmatismo e do Abolicionismo

Ambos os grupos almejam um cenário onde todos os veganos têm liberdade e convivem em harmonia, porém o que diferencia um pensamento do outro é a forma como se planeja conquistar esse cenário: enquanto os abolicionistas querem uma revolução drástica e substituir completamente nosso sistema econômico, os pragmáticos trabalham dentro do sistema em que vivemos e tentam fazer acordos e conciliações para transformá-lo aos poucos, pois uma sociedade onde a cultura é caracterizada pela insensibilidade aos animais não aceitará de modo algum o abolicionismo – a ideia apenas iria tender a ser sempre ridicularizada.

Entre os ativistas veganos muitas vezes é comum eles se rotularem e rotularem os outros pejorativamente de acordo com o lado que defendem: os veganos pragmáticos rotulam os abolicionistas de radicais ou idealistas, enquanto que os abolicionistas chamam os veganos pragmáticos de neo-bem-estaristas.

Vale lembrar, entretanto, que todo pragmático é de certa forma um abolicionista, pois o veganismo em si já é sinônimo da abolição da exploração e da libertação animal e, apesar de alguns veganos se autodenominarem veganos abolicionistas pragmáticos, esse nome acaba não sendo muito utilizado por ser muito extenso e redundante.

Apesar do caráter radical  revolucionário do abolicionismo fazer parecer, de forma leviana, que se trata de um movimento irracional ou que seus defensores são demasiadamente impulsivos através de um discurso de “tudo ou nada”, existe uma lógica bem formada e concreta por trás dessa ideologia. Gary Lawrence Francione, fundador da corrente abolicionista, argumenta que a regulamentação a fim de reduzir o sofrimento animal desvia do ponto moral fundamental e apenas faz com que as pessoas se sintam ainda mais à vontade quanto a continuar consumindo animais, ironicamente acabando por aumentar o sofrimento total.

A mensagem que chegaria ao público é que estaria correto consumir produtos de origem animal, se a exploração for “menos ruim” e eles não sofrerem excessivamente, como acontece ao nos aproveitarmos de vacas e galinhas que são criadas soltas, sem hormônios, para a produção de carne, leite e ovos.

Quando as empresas e matadouros são incentivados a criarem animais em boas condições e “felizes”, ganhando prêmios e aprovação da comunidade vegana, por estarem sendo mais “humanitários”, a mensagem que está sendo passada é a mesma que dizer que é “menos pior” um assassino matar alguém, se ele o fizer de forma rápida e decidir por não torturar sua vítima, antes de matá-la. Os abolicionistas pregam que os veganos pragmáticos podem ter boas intenções ao pensar que causar menos dano é sempre melhor do que mais, porém isso desvia do objetivo final e faz com que as pessoas se acomodem e normalizem cada vez mais a exploração.

Seria como colocar uma sala de televisão em um campo de concentração: as pessoas que olham de fora podem usar isso como justificativa para dizer que a situação “não está tão mal assim” e se sentir mais à vontade a continuar consumindo animais, porém o que acontece é que o alívio de sofrimento ainda é minúsculo se comparado ao sofrimento total imposto às vítimas, não devendo de modo algum ser considerado como algo normal e devendo, urgentemente, ser desconstruído em nossa sociedade.

 

Duas propostas diferentes para alcançar o mesmo objetivo

Quanto mais se reflete acerca do assunto, mais podemos afirmar que, na verdade, não importa de qual lado você esteja: o que faz o veganismo ser um movimento cada vez mais forte e que vem ganhando sempre mais repercussão é a união entre todos os membros, deixando sempre claro que por mais que os dois modos possam divergir entre si em questão de metodologia, nenhum é “mais vegano” que o outro e, de forma alguma, são rivais – por mais comuns que sejam os discursos de intolerância dentro do próprio movimento, é importante ter em mente que não existe um tipo certo ou errado e o maior foco dos veganos deve ser levar o veganismo adiante, para que um dia todos nós possamos desfrutar de um mundo de amor e igualdade entre todos os seres vivos.

Apenas a realidade e o tempo poderão nos dar respostas efetivas se estamos alcançando o ideal da libertação animal, por isso a junção de ideias e opiniões é tão importante! Os animais precisam de nós, vamos lutar pelos seus direitos!

 

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